É Verdade que Não Devemos Fazer Exercícios Quando a Dor Está Persistente?
8/6/20254 min read


Não devemos realizar exercícios quando a dor está persistente: mito ou verdade?
Resposta: Mito. E aqui está o porquê, com profundidade e propósito.
Imagine a dor como um alarme de incêndio. Em um primeiro momento, esse alarme soa para nos proteger: nos alerta que algo precisa de atenção. Mas, com o tempo, esse alarme pode continuar tocando mesmo depois que o fogo já foi apagado. A dor persistente funciona assim. Ela nem sempre significa que algo está “quebrado”, mas sim que o sistema está sensibilizado.
E é justamente aí que entra o movimento.
A dor nos paralisa, mas o movimento nos liberta
Quando sentimos dor constantemente, é natural querer parar. O medo de se machucar mais, a insegurança de não saber o que é seguro fazer e até comentários de outras pessoas podem reforçar essa ideia. Mas a ciência mostra o oposto.
Hoje já se sabe que o exercício físico é uma das estratégias mais eficazes no controle da dor crônica, incluindo dores lombares, artrite, fibromialgia, dores cervicais e até enxaquecas. Isso não significa ignorar a dor, mas sim entender que o movimento certo, na medida certa, guiado por um profissional capacitado, pode ser uma chave para a melhora.
Provavelmente você já sentiu dor por dias ou semanas seguidas, é provável que tenha ouvido algo assim: “Melhor não se mexer para não piorar.”
Essa recomendação, apesar de comum, esconde um dos maiores mitos quando se trata de dor persistente e movimento.
Neste artigo, você vai entender por que evitar o exercício não é a melhor escolha, como o movimento pode ser um aliado poderoso no alívio da dor e de que forma isso se aplica à sua vida, especialmente se você já convive com dores há muito tempo.
O paradoxo da dor e do repouso
Evitar o movimento por causa da dor pode parecer lógico no início, mas esse comportamento leva a um ciclo perigoso: menos movimento = mais rigidez, mais perda de função, mais dor. O corpo humano foi feito para se mover. E quando ele para, começa a desaprender.
A dor crônica muda o cérebro, altera a forma como interpretamos sensações e ativa mecanismos de proteção exagerados.
O exercício tem o poder de reequilibrar esse sistema: libera endorfinas (analgésicos naturais), melhora o humor, reduz a inflamação e reeduca o corpo e o cérebro a se sentirem mais seguros em movimento.
Mas… e se piorar?
Esse medo é compreensível. Afinal, ninguém quer se machucar mais. Mas o que a ciência mostra é que a ausência de movimento costuma agravar o problema. O corpo parado enfraquece, enrijece e se torna ainda mais sensível. Além disso, você precisa saber que Dor persistente não é igual a lesão ativa.
Aqui está um ponto-chave: a dor crônica (aquela que dura mais de 3 meses) não significa que há uma lesão em andamento.
Ou seja, o seu sistema nervoso pode se tornar hipersensível, como um alarme que dispara mesmo quando não há perigo real. Essa dor não vem mais apenas do corpo físico, mas de um sistema que está em alerta constante.
Exemplo real: mulheres que sofrem com dor lombar crônica muitas vezes apresentam exames normais. Mesmo sem lesão aparente, a dor continua. E nesses casos, o movimento é parte essencial do tratamento.
O exercício como ferramenta de reprogramação
Você já viu uma criança reaprendendo a andar após uma queda?
Ela não pensa duas vezes, levanta e tenta de novo. O corpo aprende pela repetição, pela confiança e pelo movimento.
Quando feito de forma eficiente e regular, o exercício ajuda a:
Reduzir a hipersensibilidade do sistema nervoso
Estimular a liberação de substâncias analgésicas naturais, como endorfinas
Melhorar a circulação, a força, a flexibilidade e a função
Restaurar a autonomia e a confiança no corpo
E prevenir diversos problemas decorrentes do sedentarismo e da inatividade física
Metáfora para entender melhor:
Imagine seu corpo como uma orquestra. Quando um dos instrumentos desafina (a dor), a primeira reação não deve ser silenciar toda a música.
O que você precisa é de um maestro que te ajude a ajustar o ritmo, o tom e a intensidade.
Esse maestro é o movimento guiado por um profissional de saúde que compreende a dor crônica.
“Mas e se eu piorar?” — O medo é real, e o cuidado também
Essa é uma pergunta honesta, e o medo é legítimo. Por isso, o tipo de exercício importa.
Nem todo exercício é igual. A ideia não é empurrar seu corpo além dos limites, mas sim criar um ambiente de movimento gradual, controlado e seguro.
Se você está com dor persistente, o ideal é procurar orientação de um fisioterapeuta ou profissional especializado em dor e movimento.
Esse profissional vai considerar:
Sua história com a dor
Seus medos e crenças
Seu nível atual de capacidade
Suas metas e rotina
Exemplo prático: o caso de Aline, 38 anos
Aline, 38 anos, trabalha sentada por longas horas. Sofria com dores constantes no pescoço e nos ombros. Durante muito tempo, evitou qualquer tipo de exercício, com medo de “inflamar” ainda mais.
Quando decidiu buscar ajuda, começou com exercícios de respiração, fortalecimento eficiente, mobilidade articular e movimentos de Pilates com consciência corporal.
Com o tempo, seu corpo foi respondendo, a dor reduziu e ela voltou a fazer coisas que antes pareciam impossíveis, como pegar a filha no colo ou dormir sem acordar no meio da noite por dor.
Conclusão: movimento é medicina para a dor persistente
Não, você não precisa esperar estar sem dor para se mover.
Na verdade, o movimento, bem orientado, pode ser parte essencial da sua recuperação.
Evitar o exercício por medo de piorar pode ser o que está te impedindo de melhorar.
Você não precisa dar grandes passos agora. Pode começar pequeno, com exercícios suaves, respiração consciente, mobilidade, fortalecimento gradual.
Mas comece. E comece com apoio profissional, para que cada movimento te leve mais perto de viver com mais autonomia, leveza e menos dor.
Em suma, A dor não precisa ser uma sentença. O movimento é a chave da liberdade.
Procure quem entende do assunto e descubra que, mesmo com dor, é possível se sentir viva de novo.